026. Agostinho de Hipona
📆 Quando: ca. 354-430🧭 Onde: Hipona, Numídia
🔖 Notas_de_estudo,Apologética_e_história,Patrística
Apocalipse
No D - Doutrina & Escatologia/amilenismo de Agostinho, o milênio representa simbolicamente a era da Igreja, um período de duração indefinida em que o mal ainda existe, mas está limitado pela ação de Cristo e da Igreja. Ele entendia o milênio como um estado espiritual e acreditava que, no final dos tempos, Cristo retornará para julgar todos e estabelecer o reino eterno de Deus. Para ele, o reino milenar era presente e espiritual, não um evento futuro de dominação física ou política na Terra.
Portanto, a visão de Agostinho é amplamente reconhecida como o fundamento do amilenismo cristão, influenciando a teologia da Igreja Católica e muitas tradições protestantes, que também adotam essa interpretação espiritual e não literal do Apocalipse.
Escravos
Para ele, a escravidão não era uma condição natural, mas sim uma condição resultante do pecado original. Em seus escritos, ele destacou que, na criação, todos os seres humanos foram feitos iguais e que a escravidão surgiu como uma forma de punição após a queda.
Agostinho acreditava que, na perspectiva espiritual, todos os seres humanos eram iguais diante de Deus, e por isso, ele incentivava a compaixão e a humanidade em relação aos escravos, defendendo que fossem tratados com justiça e caridade. No entanto, ele não condenava abertamente a instituição da escravidão, e sua posição refletia os valores sociais de sua época, onde a escravidão era amplamente aceita. Para Agostinho, a verdadeira liberdade era uma questão espiritual: estar livre do pecado e próximo de Deus era mais importante do que a liberdade física.
Sotereologia
D - Doutrina & Escatologia/Predestinação
Para Agostinho, Deus, em Sua onisciência, predestina certas pessoas para a salvação. Ele argumentava que essa predestinação é baseada exclusivamente na vontade divina e não em qualquer ação ou mérito prévio do indivíduo. Essa graça predestinadora é irresistível, ou seja, aqueles a quem Deus escolheu conceder a graça serão inevitavelmente conduzidos à fé e, por fim, à salvação. Agostinho via a predestinação como uma expressão da bondade e da misericórdia de Deus, e não uma injustiça, pois todos os seres humanos são, por natureza, merecedores de condenação em virtude do pecado original.
D - Doutrina & Escatologia/Perseverança dos Santos
Agostinho também defendia a ideia de que Deus concede aos eleitos o dom da “perseverança final” — a capacidade de continuar na fé até o fim da vida. Segundo ele, a perseverança é um presente da graça de Deus, dado exclusivamente aos predestinados, que os mantém firmes na fé, protegendo-os da apostasia e garantindo sua salvação final. Para Agostinho, é apenas por causa da graça de Deus que os santos conseguem perseverar na fé e nas boas obras até o fim; essa perseverança não resulta de força de vontade ou mérito humano, mas é um dom irrevogável de Deus.
Em seu entendimento, a graça não apenas justificava o crente, mas também o santificava, levando-o a uma vida dedicada a Deus. Para ele, o conceito de perseverança era essencial: somente aqueles que perseverassem até o fim demonstrariam ter a graça da “perseverança final,” concedida por Deus exclusivamente aos eleitos. Dessa forma, crentes relapsos — ou seja, aqueles que abandonavam ou negligenciavam persistentemente a fé e a prática de uma vida cristã — poderiam ser um indicativo de que não eram verdadeiramente eleitos.
Graça Irresistível e D - Doutrina & Escatologia/Livre-Arbítrio
Agostinho afirmava que, embora o ser humano tenha um certo grau de livre-arbítrio, ele está tão preso ao pecado que não consegue escolher o bem sem a intervenção da graça. Essa graça irresistível é o que permite aos eleitos serem “chamados eficazmente” para a fé e, uma vez agraciados, perseverarem até o fim. No entanto, ele não via essa visão como uma negação completa do livre-arbítrio, mas como uma evidência de que o verdadeiro poder de escolher o bem e evitar o mal só é restaurado pela graça divina.
Influência e Controvérsias
As doutrinas de predestinação e perseverança dos santos defendidas por Agostinho foram altamente influentes na teologia cristã, particularmente na teologia reformada, onde as ideias foram ampliadas. Contudo, suas ideias também geraram controvérsia, sendo contestadas por alguns contemporâneos, como Pelágio, que acreditava que o livre-arbítrio humano permitia às pessoas escolher a salvação sem a necessidade de uma graça predestinadora. A disputa entre Agostinho e Pelágio resultou no desenvolvimento de doutrinas sobre graça e predestinação que moldaram a teologia ocidental e influenciaram profundamente a compreensão cristã sobre a natureza da salvação e da perseverança.